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Felipe diz: *sim. Não precisa contar o resto. Aliás, eu não deveria nem ter perguntado, não no estado em que você está agora. letícia diz: *Não, não, não, não diga isso. *Eu gosto... De saber que alguém quer ouvir a minha história, sabe? *Faz eu sentir... Que, sei lá, a vida não é sozinha e triste. Felipe diz: *Aí está. A vida não é sozinha e triste. *Não se você não quiser. letícia diz: */ç-ç *Você é muito bonitinho, sabia? *O que mais me machuca sobre a história do meu pai... *ele não morreu durante a cirurgia nem nada. *Só ficou em um estado muito tenso... *Não conseguia falar, comer, se mexer. *Disseram que tudo o que ele conseguiu fazer foi um movimento leve com as mãos de "telefone", como se pedisse pra ligar pra família. *E foi o que fizeram, finalmente ligaram pra gente. *Meu irmão, minha irmã e minha mãe foram vê-lo. *Eu não fui... *Porque eu tava tão magoada com tudo que ele fez... *Que eu pensei que seria melhor fugir. *Ignorar... *Deixar pra lá. *Eu pensei que ia ser menos doloroso pra mim. *Mas a vez seguinte que eu vi ele... *Foi na mesa de metal dura do necrotério. *Disseram que quando meu irmão foi visitá-los, só podiam entrar duas pessoas, e eles entraram juntos. *Meu pai se agitou ao vê-los, e então sedaram ele... *Meus irmãos foram lá pra dizer que gostavam dele. *Eles não sabem se ele conseguiu ouvir... *E eu também não sei se meu pai pensou que eu também tava lá. *Eu não estava... *Eu estava ignorando. Felipe diz: *... *Eu, simplesmente não sei o que dizer. letícia diz: *Não tem o que dizer... *Nos dias seguintes, eu sempre sonhava com ele. *Sonhava que eu voltava no tempo... E ele percebia o que ele tava fazendo, e mudava de atitude. Parava de machucar os outros, e voltava a ser o pai que me deixava tão feliz de ter. *Sonhava que eu encontrava com ele numa lanchonete, e ficava feliz por saber que ele não tinha morrido e ao mesmo tempo muito brava por ele ter fingido que morreu. *Sonhava que eu me encontrava com ele, no meu futuro... *Sonhava tanta coisa. Felipe diz: *E agora, com tudo isso, como se sente? letícia diz: *Sinceramente? Eu sempre pensei... Que o que eu fiz, foi por causa do que o meu pai fez. *Na verdade, eu não tinha obrigação nenhuma de ser boazinha com ele. Ele sumia... Sempre falava que ia voltar na próxima semana, eu esperava, e ele nunca aparecia. *Quando aparecia de novo, agia como se nada tivesse acontecido... Isso tava acabando comigo e com meus irmãos. *Eu posso sim me perdoar por ter ignorado, sabe? *Mas... Agora... *Eu não queria. *Eu queria não ter ignorado. Eu queria ter ido, eu queria ter, sei lá, segurado a mão dele, enquanto vivo, uma última vez. *Queria dizer pra ele que eu sempre gostei muito dele e que queria que ele tivesse sido mais presente na minha vida. *Que ele sempre foi meu heroi quando eu era pequenininha e ainda não conhecia esse mundo de "gente grande"... *Que eu achava o máximo como ele arrumava todos os aparelhos eletrônicos de casa, como ria dos Simpsons nas tardes de sábado e sempre assistia à Fórmula 1 nas manhãs de domingo. *Como eu gostava de encher o saco dele pra me dar o que eu queria, porque minha mãe era "malvada" e ele não. *Como eu queria ser inteligente que nem ele quando eu crescesse, e como eu gostava quando ele pegava meus cadernos pra olhar, porque aquilo realmente me incentivava a estudar. *Tanto é que eu só comecei a vagabundear depois que ele saiu de casa... Antes disso, eu era uma aluna perfeita. *Porque o papai tava de olho, e queria que eu me saísse muito bem. *Então eu não queria decepcionar, sabe? *Mas... Sei lá, quando ele foi embora, ele não levou nenhum dos presentes de dia dos pais que a gente fazia pra ele na escola. *Eu nunca o entendi direito... Na verdade, ninguém o entende, até hoje. Todo mundo, quando lembra, tem algo "estranho" pra contar, não dá pra saber o que ele sentia... *Mas sabe de uma coisa? *Eu amava ele. *Por isso, eu queria ter ido. *Eu queria muito ter ido.