windsong

"Você ainda escreve?"

Escrevo. Mas não como pensei. Pensei ter escrito coisas, coisas que nunca deixaram de ser apenas vozes na minha mente dizendo sentenças das quais não me lembrarei depois. Por quê não escrevi tudo aquilo?
Eu sei as respostas para todas as minhas perguntas que dizem respeito à mim, e essa não é diferente. Escrever tem consequências. Seja aqui no blog - onde as limitações são absurdas -, em arquivos de textos jogados em qualquer pasta, no caderninho carregado para todo o canto, na borda da folha de fichário; qualquer lugar tem suas consequências. Mesmo as palavras que se mantém em segredo se tornam algo, por simplesmente serem escritas. Eu sempre enxerguei como uma forma de "concretizar" algo, mas é ainda mais do que isso. Aquilo sou eu, no momento. E era isso que eu queria evitar. Eu mesma.
Só tenho escrito sobre uma coisa. Só uma coisa, dentre tantas dentro de mim, pode ser externada - e ainda assim em parte: a dor. A constante, o que não me deixa me tornar vazia. Dói tanto, e isto é tudo que posso escrever. Tudo. Talvez eu pudesse contar porquê não escrever mais; não julgo necessário.
Necessário pra quê? Pra quem? O que você quer fazer entender, Letícia?
Respostas que tenho, e quanta "fraqueza" nas respostas. Não são fraquezas. São apenas... Sentimentos.
E então ignoro. Evito. Corto os pensamentos.

E hoje, percebi novamente... Lembrei de tudo. Lembrei porquê tenho vontade de sumir. Lembrei porquê me sinto um peso. Lembrei porquê tanto amaldiçoava a vida e porquê tentei tirá-la. Lembrei porquê não consigo ver como estupidez; não é. A menos que você não entenda nada.
E lembrei porquê criei segredos, mesmo tamanha a vontade de compartilhá-los.

Lembrei porquê dói tanto. E porquê eu não posso fazer mais nada.

Is it really so, really so?