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Gentil.

Acordei atrasada, e com um pouco de calor. Estava cansada, tonta, dormi mal de novo. Levantei-me - a parte mais difícil. Vesti minha roupa, ouvi encheção de saco, fiz o que tinha de fazer e saí para a escola. Estava bastante quente, e um pouco de sol. Subi a rua não com pressa, mas calmamente. Um motorista, com crianças no banco de trás (seriam seus filhos?), parou o carro para que atravesássemos a rua. Atravessamos, e eu agradeci mentalmente. Minha timidez me permite apenas um sorriso tímido de uma cabeça baixa. Segui.
Tranquilamente cheguei à escola. Sentei-me na escada em frente à porta da sala, como sempre. Peguei meu livro de inglês e fiz a lição, que tinha esquecido. Do outro lado do longo corredor, pude ver outras pessoas atrasadas, conversando com o Fred, nosso auxiliar da escola e amigo de todos. São sempre os mesmos que chegam atrasados.
Concentrada na lição, um deles veio me cumprimentar. Pra falar a verdade, não sei nem seu nome, mas ele sempre me cumprimenta quando me vê. Essa gentileza me traz esperança, na verdade. Para o mundo, em si. É um pouco mais próximo do mundo gentil com o qual sonho.
Tentei assistir à segunda aula, mas acabei não o fazendo. Além da matéria ser exatamente o que eu havia estudado no dia anterior, o cansaço pesava. Decidi por deitar, mas não acreditei que conseguiria dormir. Para minha surpresa, consegui. Acordei depois de soar o sinal da próxima aula. Aula de inglês, mudar de sala. Peguei minhas coisas, ainda tomada pelo sono, e fui. Pensei que veria a única pessoa que conversa comigo durante essas aulas, mas ele não veio. Prestei atenção na aula, como sempre. Reparei naquele garoto de novo. Ele realmente parece o Alex.
Intervalo. Com o corpo pesado, sentei junto à Laís em um cantinho. Ela se encostou na parede, e eu nela. Estávamos praticamente dormindo, quando alguém tocou a minha perna. Era o garoto que me cumprimenta sempre. Ele me deu um pacote de balinhas, e outro para a Laís. Disse, gentilmente: "é para você e a sua irmã". E foi embora. Parece que ele sabia que eu ficaria até mais tarde sem almoço.
De volta à sala de inglês. Me senti muito mal, passei a maior parte da aula de cabeça baixa. A professora, percebendo meu estado, de mim nada exigiu. Gentil e sensível como geralmente só garotas são, ela sabe que estou mal e se preocupa comigo, de jeito ou outro. É um pouco triste lembrar que chorei na frente dela. Ela conquistou bastante o meu carinho.
Próxima aula. A professora perguntou da Jennifer. Disse que se sentiu magoada por ela voltar para a China, e contou que dela recebeu um "bolo de Sol". Eu não sei o que significa, mas eu sei que as intenções da Jennifer eram as melhores possíveis.
Última aula, geometria. Tirei nota máxima na prova, 10. Ninguém nem percebeu, mas eu me senti bastante feliz. Saí um pouco dos meus quase-10 em história, filosofia, sociologia. Agora era 10 mesmo, pra ninguém colocar defeitos. Me senti feliz. E depois... Vazia. Embora ainda hajam pessoas que sintam orgulho de mim - e quase todos, senão todos, que o fazem, são meus próprios professores. Eu gosto deles, eles são muito gentis. Mas sei que o tempo de vê-los está contado...
Próxima aula, educação física. O professor nos dispensou, por conta da Mostra Cultural.
Saio do colégio, em busca de uma papelaria. Não sabia bem o que comprar, nem onde haveria uma. Onde eu pensava ser uma, era uma livraria chinesa, com fachada de papelaria...! A outra, perto de casa, estava fechada. Não conhecia mais nenhuma, então parti sem rumo em busca de uma. Andei pelas ruas da Sé, sem fazer ideia de onde estava. Completamente sem rumo. Mas não tive medo. Era confortável, na verdade. Um pouco a sensação de liberdade, de inesperado, de que algo vai acontecer. De que você está buscando algo, e vai encontrar, mais cedo ou mais tarde, não importa por onde for. Andei bastante, até finalmente encontrar uma papelaria. Onde já se viu, um lugar tão cheio de comércio como o centro, tão sem papelarias?!
Entrei. Fiquei minutos e minutos olhando os artigos. Eu já suspeitava, mas agora tive certeza. Se houvesse apenas um tipo de loja na qual eu pudesse gastar muito dinheiro, seria em uma papelaria. Cadernos, papel de presente, papel espelhado, canetas, lapiseiras, lápis dos mais diversos tipos, cola, tesoura, fitinhas, tudo. Tudo pronto pra concretizar sua imaginação. O poder da criação presente em todos esses objetos me fascina. Quantas coisas bonitas se pode fazer com eles!
Comprei o que precisava, e um caderninho. Coisa pequena; cerca de... 64 folhas? Enfim. É pequeno, portanto posso levar a vários lugares, e é exatamente essa a minha intenção. Levá-lo e rabiscá-lo onde der e vier. Me pergunto que tipo de coisa aparecerá neste caderno.
Voltei para a escola para me encontrar com a Laís. Me perdi no caminho de volta, mas acabei me encontrando. Voltei ao colégio, já era hora da aula de gastronomia. Voltei apenas para dar o recado que me pediram, mas acabei ficando para a aula. Era a aula dos cupcakes, e cookies. Havia duas pessoas que não eram frequentes nas nossas aulas; eram da turma de quinta, mas por algum motivo desconhecido resolveram fazer a aula hoje. Oh céus, por quê?
Eles fizeram os cookies sozinhos, não abriram brecha para participação. Os cupcakes, que nós fizemos, eles começaram a comer bem antes da hora, antes de ficarem prontos. Ainda chamaram uns três ou quatro amigos, que não fizeram nada e vieram apenas comer os nossos cupcakes. Injusto, também se levarmos em conta que a aula é PAGA por NÓS.
Eles se foram, e percebi que não éramos apenas eu e a Laís que nos irritamos. A Natália também. Isso me fez me sentir mais próxima dela. Ela é uma garota gentil, e hoje foi também uma demonstração disso. Sim, ela é bastante gentil. O próprio rosto dela inspira bondade, é bastante bonitinho.
Depois da aula, fomos pra casa. Como sempre, passei por aquelas ruas. Eu aposto que você não reparou quando as viu, mas existem coisas nelas bastante mágicas. Uma, é a casa de paredes e quartzo rosa. A fachada dela é recoberta por pedras de quartzo rosa. A outra, é uma casa em que deixam conchinhas na janela. Várias conchinhas do mar diferentes, postas na janela, do lado que as pessoas na rua podem ver! Aquilo sempre me faz sorrir.

Todas essas coisas, me lembram muito coisas alegres, mágicas, felizes, como os filmes do Ghibli. Mas elas são todas de verdade, e estão lá. Só que elas só são assim porque eu as vejo assim. Esse é o meu jeito de ver o mundo. É por isso que por tantas vezes você pôde me comparar com uma criança. Porque é verdade, eu deixei meu lado criança viver. Não só no sentido de ser teimosa, de se magoar fácil. Mas no sentido de ter aquela inocência, de pensar em coisas boas, todas aquela felicidade da qual sentimos falta na infância. Óbvio, situações pedem maturidade. Mas não tem nada pedindo pra deixar esse olhar ingênuo. Eu sempre vou gostar das conchinhas.

As coisas gentis. Toda essa gentileza, esses bons sentimentos.
Essa coisa mágica.


Letícia, 28 Oct 2011.

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