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[Bad] dream

Tive um pesadelo hoje.

Desde aquele dia, sonhei todos os dias com você, nem que fosse uma participação mínima. Percebi que nenhum deles foi um pesadelo, apesar de nem todos terem sido muito bons.
O pesadelo se passava aqui, na minha casa, na minha vida. Mas o contexto político era um pouco diferente; guerra. Algum tipo de 3ª Guerra Mundial... Não sei bem, o fato é que a Alemanha nos atacava. O alvo? São Paulo. A cada dia, todos recebiam mensagens no celular, avisando de ataques em sua região. Eu olhava pela janela do meu quarto, e podia ver a igreja que fica ao lado do MW; ou seja, a zona leste. Mais precisamente, a avenida Conselheiro Carrão.
Eu estendia meu braço, e minha mão tapava parte do céu acima da região. Quando eu recolhia meu braço, havia bolas de fogo caindo. Destruíam, impiedosamente, a igreja, e tudo que havia em volta. Tomei-me de desespero. Peguei meu celular, pretendia te ligar, mas tudo o que vi no visor foi um número extenso e estranho, com a foto do Hitler. (juro) As linhas telefônicas ficavam bloqueadas na hora do ataque. Era cruel.
As lágrimas já corriam, e eu já sentia o vazio. Após a última bola de fogo cair e os aviões passarem, novamente fui ao celular. Dessa vez, ele chamou. Você atendeu rapidamente e desligou. Não precisava de mais. Você estava vivo, bastava.

No dia seguinte, haveria outro ataque. Era assim; um ataque por dia. Recebi a mensagem no meu celular. Então, a minha região seria o banquete do dia. Preparei minhas coisas. Tentei mexer no meu celular que travou e, por algum motivo, entrou em um modo estranho, como se fosse comunicação secreta. Pude ouvir vozes de alemães, e soube logo que era a rede de comunicação que os próprios brasileiros utilizavam para informar o inimigo. Me rastrearam, e logo alguém entrou em contato comigo: "Oi, quem é você? O que você tem a ver com isso?"
"Vim parar aqui sem querer. Por que você não pára essa guerra?"
"Haha, vou até tentar."
E desligou. Voltei ao meu quarto. Recebi, novamente, a mensagem no celular. O ataque poderia vir a qualquer instante a partir de agora. Pensei que seria o momento e, desesperada, simplesmente peguei minha mochila e o Johnson, e corri o mais rápido que pude para fora do prédio, com minha irmã. Estive tão desesperada, que não percebi que estava despida. Não importava. Improvisamos um carrinho de papelão para fugir o mais rápido possível, mas não foi de muita utilidade. As pessoas ainda entravam calmamente no prédio, ainda circulavam pelas redondezas. Então eu sabia, ainda não era a hora. Voltei para o prédio, e minha mãe chegou. Conversava rindo com a minha irmã, e pegávamos as últimas coisas que queríamos salvar.
Eu ia para a minha escrivaninha, e abria a mochila. Dentro dela havia tudo que há dentro da pequena mesa em cima da qual digito agora; as coisas que você me deu. Cartas, filmes, livro, até o embrulho dos presentes. Algumas fotos 3x4 suas, sua foto da festa de 15, a flor de lembrança dessa mesma festa. Estava tudo na mochila, preparado para ser salvo. Em cima da escrivaninha, eu pegava as outras coisas que gostaria de salvar. Fotos 3x4 de outras pessoas; minha família, meu amigo, algumas de minhas amigas de longa data. Havia também documentos. Eu olhava tudo aquilo e sorria, sabendo que salvaria tudo e ao mesmo tempo lembrando. A essa altura, minha mãe e irmã estavam saindo de casa. Então o celular da minha mãe, que estava em cima da minha cama, fez barulho. Ele estava se desligando. Era hora do ataque - eu demorei demais. Querendo salvar a minha vida mas pensando ainda ter tempo, peguei todas as fotos e documentos que podia em minhas pequenas mãos e corri em direção à porta. Mal dei dois passos, e senti um calor enorme em minhas costas. Olhei para trás, e a vi, através da janela; uma assustadora bola de fogo, cada vez mais perto, cada vez maior. Cada vez mais quente.
Por um instante, pensei em correr, mas logo percebi que eu não devia ter mais que três segundos de vida. Paralisei ali mesmo, e as lágrimas começaram a rolar. O pânico, a lamentação, a dor. O medo. Eu não queria morrer. Mas só me restava uma última coisa: saciar a curiosidade sobre a própria morte. Só que não era isso o que eu queria. Não agora.
Fechei os olhos, chorando, e esperei. O impacto doeu muito. É estranho sentir dor em um sonho, mas eu senti. Muita. Doeu demais. Meu corpo todo, uma dor insuportável. Era de dentro para fora, ao mesmo tempo que de fora para dentro. Era todo tipo de dor possível. Felizmente, durou pouco. E logo veio um nada. E então eu apenas me perguntava: "Quando eu vou perder tudo [memórias, sonhos, esperanças, pensamentos, ideias, sentimentos]? Será que é agora? Talvez agora..."
"Espere... Eu ainda estou pensando. E já se passaram alguns segundos... Então, ou eu sobrevivi, ou tem alguma coisa errada. Será que isto é um útero? Mas então eu não deveria me lembrar..."
Tum-tum, tum-tum, tum-tum, tum-tum.
"Tenho um corpo. Ouço e sinto meu coração numa intensidade absurda..."
Abri os olhos. Reconheci. O coração que eu ouvia e sentia era o meu, o meu de verdade. Aceleradíssimo, me deixava ofegante. Me cansava.
Mas eu estava assustada demais para relaxar. Para fechar os olhos de novo.
Por um momento, eu tinha perdido a minha vida. Há algum tempo atrás, isto não teria sido um pesadelo. Mas agora, foi.


Letícia, 01 Nov 2011.

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