windsong

Um vento diferente soprou. Era um pouco mais gelado, e mais intenso. Trouxe consigo algo, que logo encontrou um chão para si, e por lá ficou. Chuva e sol, logo se revelou em uma mudinha, pequena e forte. Era baixa, grossa na medida que podia e sustentava uma folhinha ou duas. Mesmo assim, todos já se encantavam ao olhá-la. "É bonitinha", diziam. Exposta a todo tipo de coisa, a pequena mudinha foi crescendo e se desenvolvendo. Em pouco tempo já era uma árvore imponente. Jovem, forte, sustentava galhos cheios de folhas, frutos, flores, vida. Todos olhavam para ela e admiravam a beleza de suas belas flores, tão coloridas e radiantes, suas folhas de um verde vibrante que exalava vida, a projeção de sua sombra construindo um belo lugar para um descanso, a luz do sol na sua tentativa de atravessar seus galhos e chegar ao chão. "É uma bela árvore, em uma bela campina", comentavam, apreciando a presença de tal.
O tempo escorreu uniformemente, e o inverno timidamente chegou, sem esperar que o outono se retirasse. As folhas caíram, as flores murcharam, os frutos acabaram. Só restava o tronco da árvore, que, acompanhando sua idade, também crescia. Seus galhos agora eram cobertos pelo branco da neve fofa, e tudo o que se via era o contraste escuro imerso no claro. Já não olhavam mais para a bela árvore. Achavam-na feia, sem vida, sem cores, sem graça.
Permaneceu o inverno assim, firme e forte, e quando se encontrou com a primavera de novo, estava uma árvore ainda mais bela.

A árvore, que germinou ali nem por acaso, nem por destino, viveu toda a eternidade que lhe foi dada. Seus galhos mudaram, suas flores também, seus frutos não foram saborosos todos os anos, suas folhas caíam em todos os invernos, mas seu tronco se tornava sempre maior e mais forte, capaz de sustentar cada vez mais. E mais, e mais, e mais.

Até que a árvore chegou ao céu.

Windsong.