windsong

Eu o abraço de noite. Um abraço terno, sem apertar. Um abraço com afagos e carinhos. Um abraço desarmado... Um abraço sincero.
É de noite que a armadura cai. As estrelas, a lua, Júpiter... Me observam, com ar de reprovação. Eu sei o que prometi a Sirius, mas ela sabe muito bem o quão difícil é. E adivinha? Ela faz é brilhar ainda mais, como se quisesse dizer para ofuscar meu lado escuro com meu brilho.
A magnitude da estrela é menor, bem menor se a olharmos sozinha, separada de sua companheira. Juntas, é outra história, você sabe.
Mas e agora? Quanto mais eu crescer, mais perto de explodir estarei. E será lindo; mas durará uma semana ou duas. E depois... Me tornarei tão pequena, um pequeno e pesado ponto. Não sobrará nada ao meu redor, e só terei a minha própria solidão... Terei teoricamente morrido.

Procurando por uma coisa, encontrei outra; procurando por um pedaço mais resistente de aço para minha armadura, encontrei uma "eu" que não precisava de armadura nenhuma. Ela tem os cabelos ora cacheadinhos, ora lisinhos. São poucos ainda, e são de um tom de castanho muito clarinho. Ela é toda fofinha, e muito birrenta. Usa vestidinhos de veludo, sorri sem preocupação e chora quando quer. Todos gostam dela, e vivem abraçando-a com todo o carinho. Ela gosta de jogar Mario Kart no Super Nintendo com os irmãos, e não está nem ligando pra roupa que está usando, contanto que esteja confortável. Ela ainda não sabe o que é uma equação, mas já discute interpretação de gibis com a irmã. Ela gosta muito de praia, e mais ainda dos pais dela, lindos, jovens e casados.
Ela nunca precisou se esforçar pra ser algo que não era, porque ela já era tudo que poderia ser. Ela era, essencialmente, o meu lado brilhante. Ao longo dos anos, outra coisas cobriram seu brilho, até que fizesse uma sombra que permitisse apenas pequenas frestas. Como prata enferrujada.

Eu me pego me perguntando, porque as coisas estão assim. As explicações vem em minha mente, e elas me fazem sentir coisas horríveis. Mais horrível ainda, é fugir de tudo isso... E deixar ser horrível pra sempre. E eu tenho vontade de mudar isso. Muita, muita vontade. Mas eu não sei realmente como fazer isso. E tenho certeza de que, seja lá o que eu fizer, vai ser errado. Porque as palavras e sentimentos que eu tenho... Ah, não é de mim que você deseja que eles venham.
Eu sei, é melhor pra mim acabar com tudo isso. Mas, sinto muito, eu não tenho esse poder. Eu não quis que viesse, não foi culpa minha ter vindo desde o começo. Mas veio. E agora, também não vai ser minha culpa se for embora. Sinto muito, mas eu não mando nos meus sentimentos. E é por isso que eu não estou falando com você nesse momento, muito embora minha vontade seja totalmente o oposto. É horrível a sensação... De que estar longe de você seja te fazer um favor...

Eu espero que um dia nós conversemos de novo. Espero mesmo.

Aquele tempo.