windsong

Às vezes eu me pergunto o que é valer a pena. Quando a vida vale a pena, quando não vale?

Hoje, só hoje, resolvi dar uma olhada no que as pessoas andavam comentando. Deprimente. "Esse é o mundo em que vivo", pensei. Vale a pena mesmo viver nesse mundo?
Um mundo onde você não tem a menor segurança de nada; seus direitos viram pó diante de qualquer coisa. Um mundo onde, se você é feliz, você é um sortudo, um em um milhão. Um mundo onde você não pode ter um pouco de dinheiro, que já lhe caem mil coisas sobre. Um mundo no qual as pessoas te julgam pelo que você faz, de acordo com seus parâmetros pessoais e subjetivos, como se você não fosse bom o bastante por não se adequar a seus padrões. Um mundo onde você é taxado de idiota por confiar em uma pessoa, mesmo quando ela lhe promete segurança. Um mundo onde você não pode andar na rua tranquilamente, tampouco se sentar na porta de casa. Um mundo onde mulheres não tem sequer a liberdade de usar uma saia sem que a culpem e julguem, muitos inclusive alegando ser justo estuprar uma garota que não esteja de calça comprida. Um mundo onde você não será respeitado, seja lá do que você goste - porque sempre haverá alguém para impor-se à você. Um mundo onde boas intenções não só não bastam, como são desprezadas e pisadas. Um mundo onde há medo de amar, porque vão quebrar seu coração sem a menor importância - mesmo aqueles que dizem sentir o mesmo. Um mundo onde mentiras predominam, e ninguém está disposto a mudar. Um mundo onde falta disposição para o bem, onde falta consideração por parte de todos. Um mundo com pessoas que machucam as outras por motivos banais, física, psicológica ou emocionalmente. Um mundo onde seus sonhos serão maltratados. Um mundo onde honestidade vira notícia, onde amor durarouro é quase inexistente, onde as pessoas não acreditam em sentimentos que não sejam para com si próprio. Um mundo onde, para a gritante maioria, não existe ninguém além do "eu".

Esse é o mundo onde vivo. E é exatamente o oposto do mundo que sempre tentei oferecer àqueles.
Tenho sentimentos contrários à esses. Tenho sentimentos pelas outras pessoas. Me importo muito com elas. Por isso, consigo acreditar em sentimentos puros e verdadeiros - basta que me diga que os sinta, e eu acreditarei. (E eu sei o quanto a última colocação soa estúpida - é mesmo óbvio que eu vou me machucar, não acha?)
Se eu consigo sentir tal coisa, por que outra pessoa não conseguiria?

Às vezes, as pessoas me provam o contrário de tudo isso. Às vezes elas me surpreendem, positivamente. E a esperança volta - ah, a esperança de um mundo melhor. Onde, quem sabe, eu não pareça idiota, mas sim, normal. Onde o absurdo esteja nas pessoas sujas, e não nas que acreditam. Onde "ingênuo" perca o sentido.

É possível que um dia, as mesmas pessoas que me fazem acreditar agora sejam as responsáveis pela descrença futura. Mas eu não vou, nunca mais, deixar de acreditar em alguém.

(nota: dentro do cabível - e este, comigo, é bem vasto.)

"Faça o que é bom, porque se é bom, é bom para a humanidade, e se é bom para a humanidade, é bom para você." - Professora de literatura, sobre preconceitos religiosos criticados pelo realismo.

Mad world.